Resgate de Cultura e Tradição Tropeira da Cidade de São Luiz do Paraitinga, SP

VIDA CAIPIRA

Nóis Somos Caipiras memó!​​​​​​

Aqui, nóis vai descobri um universo fantástico que está enterrado dentro de todos nóis. Um tesouro, uma pedra preciosa em estado bruto, uma cultura, uma vida para se viver e junto as suas tradições descobriremos também que somos portadores destas histórias e que estão em nossas raízes.

Afinar!!! Somos caipiras, sim senhor. Puxamos o erre em algumas palavras tais como porrta e jornar. Também falamos "leite quente" com todos os "E"s marcados.

Vida caipira
É nascer na  roça  com  direito a leite que se pega na  caneca diretamente da vaca, no curral onde o pai e/ou o avô  tiram  o leite, e  em  seguida  já  beber com café. É ser criança saudável sem nunca ter sequer dores de barriga e nenhum mal estar. É viver sem energia elétrica e sem banheiro, alias tudo o que um lugar sem infraestrutura pode oferecer, pode até parecer falando assim, algo precário, uma vida precária, mas pelo contrário, é uma vida extremamente saudável.

Ser caipira, história.
O Caipira é uma denominação tipicamente paulista. Nascida da primeira miscigenação entre o branco e o índio. "Kaai 'pira" na língua indígena significa, o que vive afastado, ("Kaa"-mato) ("Pir" corta mata) e ("pira"- peixe). Também o cateretê, inicialmente uma dança religiosa indígena, na qual os Índios batiam palmas, seguindo o ritmo da batida dos pés, deu origem à "catira".
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Dança
A catira passou a ser um costume de caboclos, antigamente chamados de "cabolocos". Com o avanço dos brancos em direção ao Mato Grosso e Paraná a cultura caipira foi junto, levada principalmente pelos tropeiros.

Nos dias atuais
Hoje o termo "Caipira" generalizou-se sendo para o citadino uma figura estereotipada. Mas esse ser escorregadio e desconfiado por natureza resiste às imposições vindas de fora. Tem uma espécie de cultura independente, como a dos Índios. Infelizmente alguns intelectuais passaram de modo errôneo a imagem do caipira.
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Festa
Hoje as festas "caipiras" que se encontram nas cidades do interior e nas escolas, mas não passam de caricaturas de uma realidade maior. Foi criada uma deturpação do que o povo brasileiro possui de mais profundo e encantador em suas raízes. "A primeira mistura", a pedra fundamental. O falar errado do caipira não é proposital. Permanecendo ele afastado das cidades, mantém no seu dialeto, muito conhecimento, que o homem da cidade já perdeu, com sua prosperidade aparente. O caipira conhece as horas apenas olhando para o céu e vendo a posição do sol. Sabe se no dia seguinte virá chuva ou não, pois conhece a fundo o mundo natural. Tem um chá para cada doença, uma simpatia para cada tristeza...

Ceticismo
Para o citadino o caipira virou motivo de divertimento, quando deveria ser o exemplo de amor a terra. Do antepassado Índio ele herdou a familiaridade com a mata, o faro na caça, a arte das ervas, o encantamento das lendas.
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Música
Do branco a língua, costumes, crenças e a viola, que acabou sendo um dos símbolos de sua resistência pacífica. Muitos são os ritmos executados na viola, da valsa ao cateretê. Temos Cateretê baião; Chula polca; Toada de reis: Cateretê- batuque, Landú, Toada; Pagode, etc.

Poesia
Apesar de parecer um homem rústico, de evolução lenta, em suas mãos calejadas, ele mantém o equilíbrio e a poesia da fusão duas etnias. E traduz seu sentimento acompanhado da viola, companheira do peito, onde canta suas esperanças, tristezas e as belezas do nosso país. A música rural, criativa, contrapõe-se aos modismos vindos do exterior. Ainda é uma forma resistente de brasilidade, feita por um do povo que conhece muito o chão do nosso país.

[+] Poesia 
Por: Ditão Virgílio 

Morador do mato
Eu sou morador do mato - Tenho a mão grossa - Minha casa é de pau a pique - Gosto de cuidar da roça  - Eu tenho pouco estudo - Só sei meu nome assiná - Aprendi mesmo com a vida - Não pude muito estuda - Eu acordo bem cedinho - Quando o sol dá seu brilho - Acendo meu cigarro - Feito de palha de milho - Pego a enxada vou pro eito - Pra cuidar da plantação - Assim eu vivo contente - Morando aqui no sertão - O trabaio é pesado - A vida aqui é apertada - Tem que ter muita coragem - Pra distocar a piada - Pegar firme na foice - Para fazer a roçada - Os calos crescem na mão - A pele fica queimada - Quando vai escurecendo - Vejo a luz do luar - Pelos morros vai descendo - Vem meu rancho iluminar - Eu pego minha viola - Faço as cordas chorar - Vivo longe do povoado - Morando neste lugar - Pra fazer minha toada - É a lua que me inspira - Na minha rede amarrada - No mourão de sucupira - O verso vai sendo feito - Para cantar o catira - E assim eu vou vivendo - A minha vida caipira...


Poeta  de São Luiz do Paraitinga
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Hoje estão querendo fazer uma fusão cultural, a do "caipira" com o "country" americano. O que se vê, é gente fantasiada de "cowboy", mas que não sabe sequer em qual fase da lua estamos...

Fonte: internet