Conheça um pouco da história dos Tropeiros.
Quem eram os tropeiros no Brasil Colonial, atuação dos tropeiros,
o que fizeram, trabalho, alimentação.
O caminhos das tropas e as
aventuras na histórias
No Brasil Colonial,
principalmente nos séculos XVII e XVIII, os tropeiros tinham uma grande
importância econômica. Estes condutores de mulas eram também comerciantes.
Os tropeiros faziam o comércio
de animais (mulas e cavalos) entre as regiões sul e sudeste. Comercializavam
também alimentos, principalmente o charque (carne seca) do sul para o sudeste.
Como a região da minas estava, no século XVIII, muito voltada para a extração
de ouro, a produção destes alimentos era muito baixa. Para suprir estas
necessidades, os tropeiros vendiam estes alimentos na região.
Abrindo estradas e fundando vilas e cidades como São Luiz do Paraitinga (foto ao abaixo).
Os tropeiros que, partindo de Taubaté, desciam a encostas da Serra do Mar em direção ao Porto de Parati, costumavam parar às margens do rio Paraitinga, onde desde os tempos dos bandeirantes, havia um Porto avançado.
Visando colonizar esta região, o Capitão-general da Província de São Paulo, D. Luís Antônio
de Souza Botelho Mourão, nomeou para Juiz das Demarcações das Sesmarias, o Sargento Manoel Antônio de Carvalho que, logo após a demarcação, em1769, fundou um povoado... Continue lendo
Os tropeiros que, partindo de Taubaté, desciam a encostas da Serra do Mar em direção ao Porto de Parati, costumavam parar às margens do rio Paraitinga, onde desde os tempos dos bandeirantes, havia um Porto avançado.
Visando colonizar esta região, o Capitão-general da Província de São Paulo, D. Luís Antônio
de Souza Botelho Mourão, nomeou para Juiz das Demarcações das Sesmarias, o Sargento Manoel Antônio de Carvalho que, logo após a demarcação, em1769, fundou um povoado... Continue lendo
Tropeiros percorrendo a atual Rua Monsenhor Ignácio Gióía, São Luiz do Paraitinga, SP. |
Os tropeiros também foram muito
importantes na abertura de estradas e fundação de vilas e cidades. Muitos
entrepostos e feiras comerciais criados por tropeiros deram origem a pequenas
vilas e, futuramente, às cidades. Abaixo O Tropeiro da
coleção *Estórias de uma perna só* do poeta Ditão
Virgílio, edição de n° 100 conta a passagem dos tropeiros na região do
Vale do Paraíba e por São Luiz do Paraitinga.
História
Tropeiro é a designação dada aos condutores de tropas, assim designadas às comitivas de muares, e cavalos entre as regiões de produção e os centros consumidores, a partir do século XVII no Brasil. Mais ao sul do Brasil, também são conhecidos como carreteiros, pelas carretas com as quais trabalhavam.
Cada comitiva era dividida em lotes de sete animais, cada um aos cuidados de um homem que os controlava através de gritos e assobios. Cada animal carregava cerca de 120 kg e chegava a percorrer até 3.000km. [1]
Num sentido mais amplo também designa o comerciante que comprava tropas de animais para revendê-las, e mesmo o "tropeiro de bestas" que usava os animais, para além de vendê-los, transportar outros gêneros para o comércio nas várias vilas e cidades pelas quais passava.
Além de seu importante papel na economia, o tropeiro teve importância cultural relevante como veiculador de ideias e notícias entre as aldeias e comunidades distantes entre sí, numa época em que não existiam estradas no Brasil.
Um dos marcos iniciais do tropeirismo foi quando a Coroa Portuguesa instalou em 1695 na Vila de Taubaté, a Casa de Fundição de Taubaté, também chamada de Oficina Real dos Quintos. A partir de então, todo o ouro extraído das Minas Gerais deveria ser levado a esta Vila e de lá seguia para o porto de Parati, de onde era encaminhado para o reino, via cidade do Rio de Janeiro.
Ao longo das rotas pelas quais se deslocavam, ajudaram a fazer brotar várias das atuais cidades do Brasil. As cidades de Taubaté, Sorocaba, Viamão, Santana de Parnaíba, Castro, Cruz Alta e São Vicente são algumas das pioneiras que se destacaram pela atividade de seus tropeiros.
Mesmo em 2011 tropeiros atuam em algumas regiões do Brasil, como os que transportam queijos e doces da região de Itamonte - MG para Visconde de Mauá - RJ.[1]
Comércio
Antes das estradas de ferro, e muito antes dos caminhões, o comércio de mercadorias era feito por tropeiros, nas regiões onde não havia alternativas de navegação marítima ou fluvial para sua distribuição. As regiões interioranas, distantes do litoral, dependeram durante muito tempo desse meio de transporte por mulas. Desde fins do século XVII, as lavras mineiras, por exemplo, exigiram a formação de grupos de mercadores no comércio interiorano. Inicialmente chamados de homens do caminho, tratantes ou viandantes, os tropeiros passaram a ser fundamentais no comércio de escravos, alimentos e ferramentas dos mineiros. Longe de serem comerciantes especializados, os tropeiros compravam e vendiam de tudo um pouco: escravos, ferramentas, vestimentas etc. A existência do tropeirismo estava intimamente relacionada ao ir-e-vir pelos caminhos e estradas, com destaque para a Estrada real -- via pela qual o ouro mineiro chegou ao porto do Rio de Janeiro e seguiu para Portugal. O constante movimento, o ir-e-vir das tropas, não só viabilizou o comércio como também se tornou elemento chave na reprodução econômica do tropeirismo. [2]
Os tropeiros transportavam uma grande variedade de mercadorias como açúcar mascavo, aguardente, vinagre, vinho, azeite, bacalhau, peixe seco, queijo, manteiga, biscoito, passas, noz, farinha, gengibre, sabão, fruta seca, chouriço, salame, tecido, alfaias, marmelada, coco, carne seca, algodão, sal, vidro para janela, etc.[1]
Caminho das Tropas
O chamado Caminho das Tropas ou Estrada das Tropas foi uma antiga via terrestre de acesso ao Rio Grande do Sul, à época do Brasil Colônia.
Ao longo do século XVIII, a economia colonial crescia, e com ela, a necessidade de abastecer os centros urbanos que floresciam, sobretudo nas Minas Gerais. Os arraiais que se formavam em torno das novas jazidas necessitavam ser abastecidos por gêneros, transportados no lombo de mulas, únicos animais que conseguiam resistir com carga a percorrer grandes distâncias por caminhos muitas vezes impraticáveis. Aos grupos de animais reunidos para esse fim dava-se o nome de "tropas" e aos seus condutores, o de "tropeiros".
Em Sorocaba, no interior de São Paulo aconteciam grandes feiras durante todo o ano, ali sendo comerciados animais e gêneros para os garimpeiros e exploradores. Os comerciantes deslocavam-se entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, transportando bois, cavalos, mulas e gêneros regionais.
As principais trilhas
Os tropeiros seguiam por antigos caminhos indígenas e outros, abertos pelas tropas de mulas e pelas boiadas.
Essas trilhas de e para o Sul eram chamadas genericamente de Caminho das Tropas, e compunham-se por três vias principais:
O Caminho do Viamão, também designado como "Estrada Real", a mais utilizada, partia de Viamão, atravessava os campos de Vacaria, Lages, Curitibanos, Papanduva, Rio Negro, Campo do Tenente, Lapa, Palmeira, Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaiva, Sengés,Itararé, alcançando Sorocaba.
O Caminho das Missões, partia dos campos de São Borja, seguia por Santo Ângelo, Palmeira das Missões, Rodeio, Chapecó, Xanxerê, Palmas, onde se bifurcava por União da Vitória e Palmeira, e por Guarapuava, Imbituva e Ponta Grossa.
O Caminho da Vacaria, que interligava Cruz Alta a Vacaria no Caminho do Viamão, passando por Passo Fundo e Lagoa Vermelha.
O impulso povoador
A necessidade de paradas, por vezes longas para esperar que as chuvas estiassem e o nível das águas dos rios baixasse, exigia pernoites e alimentação aos tropeiros, assim como pastos para alimentar os animais, fazendo com que famílias fossem se estabelecendo, dedicadas ao cultivo e comércio para atender aos viajantes, fazendo nascer assim pequenas povoações.
Com o passar das décadas e o aumento do movimento nas trilhas esses núcleos desenvolveram-se, possibilitando a gradativa integração das economias regionais. Muitos desses núcleos transformaram-se em grandes cidades, como se verifica hoje ao longo desses antigos caminhos.
Aventuras na História
Tropeirismo: No lombo da mula
Embarque na viagem de Reinaldo Silveira para entender como os tropeiros desbravaram o interior do Brasil
Por Endrigo Coelho | 01/10/2005 00h00
Do cruzamento entre o burro e a égua (ou da besta com o cavalo) nasceram as mulas. Da união entre as mulas e o homem, surgiu o tropeirismo, que deu suporte para a economia aurífera até o desenvolvimento das estradas de ferro. A explosão do ouro na região onde hoje é o Estado de Minas Gerais, em meados do século 18, fez com que aumentasse a necessidade de levar mantimentos para abastecer os pequenos povoados que começavam a crescer Brasil adentro. É aí que entra o tropeiro: espécie de caminhoneiro sem motor, transportava mercadorias e alimentos para a região das minas, onde a agricultura e a criação de gado haviam sido proibidas pela Coroa para não dispersar a mão-de-obra do ouro.
Seguindo as trilhas dos índios ou desbravando novas rotas, as caravanas propiciaram o desenvolvimento de cidades – como Congonhas do Campo, em Minas Gerais, e Sorocaba, em São Paulo – e abriram caminhos do Sul ao Nordeste do Brasil. Mas, para que as mulas cortassem o centro do País em busca do ouro mineiro, era preciso buscá-las no Rio Grande do Sul. Só lá havia criações dos resistentes animais, trazidos ilegalmente de Montevidéu.
Numa dessas viagens pelo Sul, um tropeiro ganhou fama por sua bravura: Reinaldo Silveira. Ele saiu com mais sete peões de Ponta Grossa, no Paraná, rumo a Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, para buscar uma tropa de 550 mulas. A viagem começou no dia 28 de julho de 1891 e acabou em 19 de novembro do mesmo ano. As estreitas estradas que beiravam abismos em que caminharam, os mais de 12 rios que atravessaram a nado e as canoas que construíram foram só algumas das agruras pelas quais os tropeiros passaram. Mas, 56 dias depois, voltavam sãos e salvos para casa. Tinham 22 mulas e 3 milhões de réis a menos. Os animais foram mortos ou perdidos. O dinheiro foi extorquido pelo governo em barreiras colocadas nas rotas das tropas, espécie de pedágio da época.
Chegada ao acampamento
Os tropeiros eram bastante organizados. Suas viagens contavam com paradas em distâncias regulares nas rotas. Mesmo assim, às vezes alguns percalços faziam com que os viajantes tivessem de armar a barraca de improviso, em campo aberto. Quando isso acontecia, eles estendiam o ligal – uma lona feita de couro bovino – e dormiam embaixo, junto com a bagagem. Tudo vigiado por cães.
Problemas comuns
Reinaldo e os sete peões tiveram, como em qualquer viagem, alguns probleminhas. Além de perderem o machado que serviria para abrir caminhos na mata – ou para se defender de bichos reais e imaginários, como as mulas-sem-cabeça, das quais morriam de medo –, eles pegaram fortes chuvas. O mau tempo adiou a viagem, ao todo, por 20 dias. Na volta, mais pepinos: 22 mulas foram mortas ou se perderam no meio do caminho.
Jeitinho tropeiro
As resistentes mulas chegavam a custar 40 vezes mais que uma vaca, que era fonte de alimento. A inflação vinha da dificuldade em “produzir” mulas, pois para que um burro cruzasse com uma égua era necessário colocar nele a pele de um potro. Só assim o burro se enchia de coragem e cobria a égua – e a fêmea o aceitava.
Bebidas quentes
Depois das refeições, os tropeiros costumavam bater papo tomando cachaça. Pelas manhãs, o café tropeiro – com o pó no fundo, sem coar – e um golinho de pinga eram sagrados. “Eles acreditavam que a aguardente limpava o organismo para a viagem. Além disso, a bebida era usada para desinfetar feridas”, afirma Moacyr Flores, historiador da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Rango gorduroso
Para aguentar as longas viagens, que às vezes levavam meses, as comidas das tropas deviam ser secas e duráveis. Outra característica era o uso abundante de gordura para garantir a energia dos viajantes. Feijão, toucinho, torresmo, carne-seca, paçoca e farinha de mandioca e de milho eram os principais alimentos. O cozinheiro geralmente chegava antes dos outros nas paradas para ir preparando o rango.
Saiba mais
Livro
Tropeirismo no Brasil, Moacyr Flores Editora Nova Dimensão, 1998
Entre uma caminhada e outra...
Alguns pratos comuns entre os viajantes das mulas ainda continuam bastante populares. Veja quais ingredientes eram usados na época
Vaca -Atolada
Costela de vaca, farinha de mandioca e toucinho
Feijoada
Feijão e carne-seca
Feijão-Tropeiro
Feijão, carne-seca, farinha de mandioca e torresmo
Arroz-de-Carreteiro
Arroz e carne-seca
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Fonte de pesquisa: Wikipédia; Caminho das tropas; Estrada Real; Histórias na net; Guia do estudante.
Fonte de pesquisa: Wikipédia; Caminho das tropas; Estrada Real; Histórias na net; Guia do estudante.